quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Tecnologia assistiva é uma expressão utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e, conseqüentemente, promover vida independente e inclusão. Ainda, de acordo com Dias de Sá, a tecnologia assistiva deve ser compreendida como resolução de problemas funcionais, em uma perspectiva de desenvolvimento das potencialidades humanas, valorização de desejos, habilidades, expectativas positivas e da qualidade de vida, as quais incluem recursos de comunicação alternativa, de acessibilidade ao computador, de atividades de vida diárias, de orientação e mobilidade, de adequação postural, de adaptação de veículos, órteses e próteses, entre outros. (Brasil, 2006, p. 18)
A imagem que vemos é a de um livro com separador de páginas de espuma. Esse recurso pode ser utilizado para possibilitar com mais autonomia o manusear de um livro por crianças com deficiência física. Como sou apaixonada por livros amei essa ideia quando a conheci. Essa adaptação -Tesoura adaptada com suporte fixo exige somente o movimento de bater, é também uma ótima possibilidade inclusiva. Essas e outras ideias podem ser encontradas em blogs de pessoas apaixonadas pela diversidade que compõe essa mistura linda que é o ser humano.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

AEE Aprendizagens

AEE Aprendizagens> O conceito de deficiência é um conceito em evolução, ele não é o mesmo, muda de acordo com as mudanças histórico-culturais e econômicas em cada sociedade. Ciente disso e acompanhando as mudanças no campo conceitual o governo brasileiro vem mudando também as políticas, proposições e documentos que legislam e orienta o atendimento as pessoas com deficiência, transtornos globais e altas habilidades/superdotação. O Atendimento Educacional Especializado – AEE - e a implantação das Salas de Recurso Multifuncional – SRM - no âmbito nacional são exemplos de algumas das ações para a garantia da inclusão plena. A formação continuada de professores para atuarem na SRM tem sido também uma área alvo de concentração. Em 2013 a Universidade Federal do Ceará – UFC - em parceria com alguns municípios e estados tem proporcionado uma formação à distancia a professores em atuação nas SRMs. O curso denominado Especialização em Atendimento Educacional Especializado tem proporcionado reflexões sobre temas que ampliam a percepção e o entendimento sobre as deficiências e as barreiras impostas pela sociedade as pessoas com deficiência. Reflexões sobre o papel do professor do AEE na escola e na SRM, importância do Plano de Atendimento Educacional Especializado da SRM para o sucesso escolar dos alunos atendidos e a necessidade de estudo de casos para o desenvolvimento do trabalho do professor do AEE, criação de blogs, enquetes, e elaboração de textos sobre o aprendizado tem sido estratégias utilizadas de modo a promover a autonomia e a auto-reflexão sobre o processo educativo dos professores cursistas. As reflexões fomentam ideias, complementam e modificam conhecimentos anteriormente adquiridos. Está em pleno desenvolvimento, em nós cursistas, a aprendizagem sobre o papel e a atuação do professor do AEE. Entendemos que esse papel está sendo construído paulatinamente à medida que as salas de recurso vão sendo implantadas nas diversas escolas do país fortalecendo a ideia e o direito de inclusão plena. Mas já podemos dizer com segurança que esse profissional tem como dever complementar ou suplementar a formação dos educandos através da disponibilização de recursos de acessibilidade e prestação de serviços que eliminem as barreiras para a sua plena participação na sociedade. Tem o dever ainda de levar o tema da inclusão para os demais espaços e pares educativos; deve ser o elo entre a sala de recurso e as salas regulares; deve propiciar momentos de reflexão sobre as crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação e a relação com o espaço escolar, bem como, zelar pela presença e efetivo cumprimento dos objetivos no PPP da escola em relação à implantação e o funcionamento da sala de recurso. Outro ponto de grande aprendizagem durante o curso de formação foi a compreensão sobre a necessária construção do Plano de Atendimento para o bom funcionamento das salas de recurso. Ele atua como um norte, é nele em que são definidos os objetivos a ser alcançados e onde se pode acompanhar passo a passo a evolução do atendimento, os pontos positivos e os falhos da atuação. Assim como o plano de atendimento, o estudo de caso é um ponto forte para o sucesso do AEE. Cada caso contém especificidades que se olhadas e conhecidas de perto podem ser relevantes na escolha das estratégias e modos de atuação a ponto de garantir o sucesso da aprendizagem e desenvolvimento do educando. Em suma quando a educação inclusiva é tida como prioridade na escola e os pontos de atuação a cima são observados na prática cotidiana todos saem ganhando e o que vemos é a formação de uma espaço escolar mais humano e feliz, onde as pessoas partilham não só conhecimento, mais vida pulsante, que se faz na diversidade de jeitos e modos de ser e estar no mundo.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista 

Convido a todos a realizarem a leitura integral da Lei nº 12.764 de 2012 que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução. 
 A referida lei nos informa sobre o direito de acesso ao mercado de trabalho, bem como o acesso a previdência social e o acompanhamento de um auxiliar especializado quando inserido em uma sala de aula regular, entre outros direitos e diretrizes. 
O documento pode ser acessado no endereço abaixo http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm

Jorge Larrosa

TEXTO REFLEXIVO DE LARROSA

Estudar: caminhar 
de pergunta 
em pergunta 
em direção às próprias 
perguntas sabendo que 
as perguntas 
são infinitas 
inapropriáveis 
de todos e 
de ninguém 
de qualquer um 
com um caderno 
aberto 
e um lápis na mão 
em meio 
a uma mesa 
cheia de livros 
abertos 
na noite 
e na chuva 
entre as palavras 
e seus silêncios.
             (Larrosa)

EAD como meio para o desenvolvimento da autonomia
          A Educação à Distância tem aberto novos horizontes e novos canais de aprendizagem no meio educacional.
          Muitos apontam dificuldades e fragilidades na composição da educação a distância como a falta de interação física entre os pares educativos, necessária organização e autonomia no gerenciamento do tempo de estudo por parte dos alunos, bem como empenho e esforço individual. Mas, o que muitos acreditam ser fragilidades ou dificuldades, vemos como pontos altos a serem alcançados.
          Observamos nas características da Educação a distância um grande meio propiciador de reflexão interior, em cada indivíduo, e chamada à tomada de consciência e responsabilidade necessária a formação de um ser mais completo e autônomo.
          Já na educação infantil, um dos eixos dos documentos de orientação do MEC, aponta para a importância do educar de modo a favorecer a autonomia, e esse princípio bem se aplica a EAD. Precisamos acreditar que os sujeitos são capazes de auto-gerenciar suas aprendizagens e que a EAD pode contribuir muito para a formação desse cidadão. O que a princípio pode parecer um obstáculo pode tornar-se conteúdo/objetivo da EAD uma vez que os sujeitos tem que de fato passarem a ser sujeitos da própria história.
Quanto ao pouco contato físico, temos que olhar a quem se destinam esses cursos, normalmente o público que mais se identifica com a EAD são pessoas que disponibilizam de pouco tempo e o deslocamento até um curso presencial diminuiria mais ainda as possibilidades de estudo.
Por tudo o exposto, acreditamos muito no sucesso da EAD, especialmente no curso AEE que estamos cursando, pois acreditamos que o que parece ser obstáculo é na verdade um mérito a ser alcançado. Basta organizar diariamente um horário de visita a plataforma para a realização das atividades e ter entusiasmo para aprender coisas novas. 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Rubem Alves - Esquecer

Era uma menina de nove anos. Caminhava segura à minha frente. O diretor da Escola da Ponte lhe pedira que mostrasse e explicasse a escola. Fiquei ofendido. Esperava que ele, diretor, me respeitasse como visitante estrangeiro e me mostrasse e explicasse a sua escola. ´Chegando à porta da escola ela parou, deu meia volta, olhou-me nos olhos e me disse: "Para o senhor entender a nossa escola o senhor terá de se esquecer de tudo o que o senhor sabe sobre escolas...". Decididamente ela se dirigia a mim de uma forma petulante. Então eu, um educador velho que tenho a estar a pensar sobre as escolas desde menino, com a cabeça cheia de livros, teorias e experiências, deveria esquecer-me do que sabia? A menina estava certa. Meu espanto era sinal de que ela acabara de me aplicar um "koan" - um artifício pedagógico dos mestres Zen. Para aprender coisas novas é preciso esquecer as velhas. O que sabemos torna-se hábito de ver e de pensar que nos faz ver o novo através dos óculos do velho - e o transforma no que sempre vimos, e tudo continua do jeito como sempre foi. Roland Barthes, ao final de sua famosa Aula, disse que naquele momento de sua vida se dedicava a desaprender o que havia aprendido para aprender o que não havia aprendido. Não havia aprendido porque a memória do sabido havia bloqueado a aprendizagem. "Empreendo, pois, o deixar-me levar pela força de toda a vida viva: o esquecimento. Vem agora a idade de desaprender, de deixar trabalhar o remanejamento imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos saberes, das culturas, das crenças que atravessamos..." Para entendê-lo, é preciso que você ponha seus saberes entre parêntesis, que veja o mundo pela primeira vez, como sugeriu Alberto Caeiro. Se não fizer isso, a leitura será inútil. Você continuará a ver o mundo velho que já conhecia. Para um pássaro engaiolado o mundo tem barras... A psicanálise é uma pedagogia do esquecimento. Freud percebeu que as pessoas, por causa da memória, ficam prisioneiras do passado. Os neuróticos repetem o passado. Sua memória é a sua teoria do futuro. O presente e o futuro são como minha memória diz. Por isso são incapazes de ver o novo. "Uma cobra que não pode livrar-se de sua casca perece. O mesmo acontece com aqueles espíritos que são impedidos de mudar suas opiniões; cessam de ser espírito." (Nietzsche)Os mestres Zen eram mestres de um tipo estranho: não tinham saber algum para ensinar aos seus discípulos. Sua atividade pedagógica se resumia em passar rasteiras nos saberes que seus discípulos traziam consigo. ( Se há "construtivismo", os mestres Zen eram "desconstrutivistas"... ). Eles perceberam que os saberes que pensamos são semelhantes à "catarata": uma nuvem que obscurece os olhos. Para operar a catarata dos seus discípulos, se valiam dos "koans". Um "koan" é uma afirmação que "desconstrói" o nosso saber como um terremoto derruba uma casa. Quando a nuvem de pretenso saber é retirada, o discípulo vê o que nunca havia visto. Experimenta o "satori", a iluminação. Quando a menina me disse que eu tinha de me esquecer do que sabia sobre escolas ela me aplicou um "koan". E passei a ver as escolas como nunca havia visto. Esse é o evento que marca o nascimento de um educador: olhos novos para ver o que nunca se viu.
Rubem Alves